4 34 Como usar o cérebro para passar em provas e concursos A postura ideal para aprender e facilitar a memorização do aprendizado é estar com todos os sentidos (visual, auditivo e cinestésico) voltados para fora, com uma postura ereta. Em outras palavras, você deve estar presente na sala, e procurar desligar todos os seus diálogos internos e pensamentos. A parte intelectual sempre foi prioridade na aprendizagem tradicional, e é claro que ela tem o seu valor, mas esse é apenas um aspecto. Está provado que, quando levamos em conta só o intelecto, é pouco provável que haja uma compreensão ampla. Hoje, pouco me lembro das coisas que aprendi naquelas aulas (ou quase nada). Os nossos estados mentais influenciam a nossa comunicação. Eles são os filtros tanto de quem recebe a mensagem, como de quem a envia. Eles são as emoções, os pensamentos e a fisiologia que expressamos em determinados momentos. Nossos pensamentos influenciam nossa fisiologia, e como mente e corpo são uma coisa só, se mudarmos nosso estado emocional, o mundo externo também mudará. Mas, como é possível mudar o estado para se comunicar melhor, aprender e ser mais feliz? Sabemos que as atividades físicas estimulam e organizam outras atividades neurológicas. O ensino e a aprendizagem também dependem dos processos mentais de quem está ensinando e de quem está aprendendo. Alguns atletas precisam de estímulos mentais para mexer com emoções e obter um bom desempenho. Outros precisam relaxar ou meditar para unir o corpo à mente. Muitos só obtêm resultados efetivos numa situação de estresse, respondendo àquele velho ditado: É numa situação de dificuldade que as pessoas se revelam. Tive um aluno que deixou se aproximar a data do vestibular para estudar exaustivamente. Isso lhe rendeu o 5 o lugar em Medicina. Ele lembrou que adorava desafios e só conseguia resultados quando se desafiava. Usava a fisiologia para se estimular, pois estudava, em geral, na academia, na esteira ou bicicleta. Algumas vezes, é numa situação difícil que as pessoas são forçadas a utilizar de maneira melhor os seus recursos internos. E quando não estão numa situação difícil? Elas precisarão criálas para funcionar bem. Mas nem todos funcionam dessa forma. Para reforçar o assunto em evidência, compartilho esta experiência, para que também possam aprender com ela. Estava em uma comemoração, quando ouvi os comentários de uma garota que faz parte do grupo de amigas da minha filha. Contava ela
5 Capítulo 2 Estratégias para o estudo 35 que, de tanto estudar para as provas da OAB, ficou completamente esgotada. Já iria para sessões de terapia e, provavelmente, teria que tomar calmantes. Realmente, ela não parava de falar e parecia que o mundo iria acabar amanhã. Interessada em saber mais sobre sua rotina, fiz aquelas perguntas de praxe: como estudava, quantas horas... e, pasmem! Ela falou que fazia faculdade de manhã (terminando Direito), corria para o estágio na Procuradoria, onde trabalhava até às 18 horas, e depois, como se não bastasse, ia para o cursinho, onde permanecia até às 22 horas. Depois dessa jornada, voltava para casa, engolia alguma coisa e se trancava no quarto até às 3, 4 horas da manhã. Em seguida, tomava um banho rápido e (tentava) cochilar rapidamente, pois já eram 6 horas e tinha que correr para a faculdade novamente. Ela me falou que, às vezes, colocava o relógio emborcado para não ver as horas passando na madrugada adentro. E, neste ritmo alucinante, foram-se dois anos. E o que a abalava mais era a cobrança dela própria: será que sei mesmo a matéria toda? Será que estudei tudo? Consegui me aprofundar mesmo em Direito Penal? Vou acertar as questões? Além desta pressão interna, durante a realização das provas ela olhava as perguntas e, por incrível que pareça, não conseguia lembrar de nada. As letras se embaralhavam, a cabeça fervilhava. Era um bombardeio de informações, e não conseguia concatenar as ideias. Durante a prova da OAB, o instrutor que a acompanhou percebeu seu estado e a aconselhou a lavar o rosto, se acalmar, mexer os braços, pois estava muito tensa e, daquela maneira ela não iria passar. Não deu jeito. Ela entregou a prova, foi embora, arrasada, e ainda por cima culpando-se por não ter estudado o bastante. Perguntei-lhe: Mas, e os estudos todos os dias? E as revisões no cursinho? E todas as horas de sono estudando? Você ainda acha que não estudou o suficiente? Ou você estudou tanto que não teve tempo de aprender? Neste instante, seus olhos encheram-se de lágrimas. Finalmente, entendeu que aqueles esforços não foram bem aproveitados, e só serviram para levá-la ao estresse. Conclusão: teve que parar todas as atividades para cuidar da saúde, e o objetivo de passar vai ter que esperar o tempo certo.
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6 Capítulo 3 Crenças: quando acreditar significa tornar real 63 ENTENDA COMO FUNCIONA O PROCESSO DE MUDANÇAS Sabemos que uma aprovação em um concurso público implica uma série de mudanças na vida pessoal e profissional. E, muitas vezes, inconscientemente evitamos a aprovação por não aceitarmos as mudanças que virão. Para a PNL, esses autoboicotes são chamados de interferências. Elas são os terroristas internos que vêm para sabotar os nossos grandes e melhores esforços, como descreve Robert Dilts. E ele complementa metaforicamente afirmando que não podemos nem prender estes terroristas, porque eles formam um lado da pessoa que precisa ser desenvolvido e incorporado, e não simplesmente destruído. Carmem! O que isto quer dizer?, você deve estar questionando. Isto significa, meu caro leitor, que as interferências representam, na verdade, mensagens de que é necessário construirmos um outro conjunto de recursos antes de irmos em direção ao objetivo. E isto é importantíssimo para quem está estudando e com o foco no mesmo: aprender a lidar com as possíveis interferências que possam surgir e derrubar nossos castelos construídos. Uma aluna, certa vez, me contou que já estudava para concursos há cinco anos e não conseguia a desejada aprovação. Identificando as possíveis interferências, descobri que o seu pai havia lhe garantido que, enquanto ela não passasse, ele a sustentaria. Este é um caso típico de interferência, uma vez que a não aprovação traz um benefício para ela. Desta forma, passar em um concurso lhe traria uma mudança que seria a perda do dinheiro do pai. Trabalhei a crença negativa sobre acreditar ser uma menina que precisava da dependência financeira paterna. Desmistifiquei essa crença e reforcei o fato de ela ser adulta e responsável pelo seu próprio sucesso e sustento. A interferência também pode representar o medo de lidar com o sucesso, das mudanças de comportamento das pessoas em relação a você, lidar com novos aprendizados, com outras pessoas e com um novo você, cheio de realizações. Logo, passar no concurso cria ansiedade porque você não sabe, ainda, se será capaz de lidar com esta situação nova. Para ser mais clara, outro exemplo típico de interferência é quando ficamos doentes e recebemos tratamento e atenção especiais, o que não é habitual, de todos os familiares e amigos. Esta nova situação pode tornarse motivadora para continuarmos doentes, pois geralmente não ganhamos esta atenção e tratamentos especiais quando estamos saudáveis.
8 120 Como usar o cérebro para passar em provas e concursos A criação dos programas mentais pode ocorrer de forma consciente ou inconsciente. E pode ser feita sozinho ou através de alguém, que, também conscientemente ou não, está passando instruções para o cérebro funcionar. No meu processo de evolução pessoal, sempre me dediquei a entender os programas que eu tinha e substituí-los. Sejam os programas mentais, seja nos métodos de estudo, evoluí por meio de muita observação e do processo de tentativa e erro, e nova tentativa corrigindo alguma coisa. Na infância, somos uma esponja mental e aprendemos tudo. Com o tempo, a partir do momento em que o cérebro acha que já sabe o suficiente, começa a diminuir a capacidade de aprendizado. Isto é mais um programa: quando você não sabe, seu cérebro quer aprender; quando você acha que sabe, o cérebro não abre mais suas comportas. E, novamente, cito Sir James Dewar, o cérebro é como um paraquedas, só funciona quando está aberto. Ou melhor, só funciona bem quando está aberto. O mundo vive em constante mudança, o que deu certo ontem não é garantia de sucesso hoje, por isso nunca podemos parar de aprender. O conhecimento é um bem que se deprecia se não for objeto de manutenção periódica. Um bom exemplo de alguém, inconscientemente, programando outro cérebro é o da mãe que, vendo o filho chorar, lhe dá um doce. A intenção da mãe é positiva: acalmar a criança. A intenção da criança ao chorar, idem, mesmo que não saibamos o que ela está querendo. O resultado, contudo, é que ao solucionar o problema com o mimo, o doce, a mãe programa o cérebro da criança com a mensagem de que doce, comida, ou o que for que seja entregue, é a solução para a tristeza ou insatisfação. Anos depois, a obesidade pode ser o resultado final desse processo de programação mental. Os programas mentais, assim como os do seu computador, os aplicativos de celular, ou mesmo como um tijolo, não são bons ou maus em si mesmos. Eles apenas cumprem a missão que lhes foi designada. Um tijolo pode ser uma arma para lesionar ou matar, ou parte de uma catedral, ou de uma casa. Nós é que lhe damos o uso positivo ou negativo. O cérebro está ao nosso dispor. Se o programarmos bem, teremos resultados excelentes com ele. Este capítulo, por exemplo, como o livro todo de um modo geral, é um esforço consciente dos autores para programar ou reprogramar seu cérebro. E você, receptor da mensagem, também está em grau de
11 186 Como usar o cérebro para passar em provas e concursos ar pela metade, ficar ali em cima gera uma boa dose de desequilíbrio. Não bastasse isso, o professor (no meu caso, a professora) fica a uns dois metros de distância arremessando duas bolas, uma atrás da outra, para que sejam agarradas e devolvidas. Tudo isso sendo feito em cima daquela base bamba, claro! O início, como todos os inícios, é enjoadíssimo, mas com o tempo pega-se o jeito e é possível cumprir a missão dada pela professora. O segredo para se equilibrar é manter a postura correta e estabelecer o centro de equilíbrio, o que exige enorme reprogramação, ao menos para pessoas que, como eu, por décadas não cuidam desse importantíssimo aspecto da vida. Pois bem, aos poucos percebi melhoras em mim e até recebi elogios da professora. A base não mudou, muito menos a rotina, frequência e modo de lançamento das bolas em minha direção. Porém, eu estava mais equilibrado e, acredite, tranquilo! A mudança não foi externa, mas interna. Veio de dentro de mim. A professora explicou que tudo havia melhorado, pois minha postura estava mais ereta. Antes de mais nada, a verdade é que quando alguém começa a se abaixar demais e olhar para baixo, a aceitar vaticínios pesarosos e contrários, as coisas pioram. Ficar ereto ajuda a mudar esse quadro. A grande aplicação dessa metáfora é a manutenção do próprio eixo, o eixo central, é a verticalidade. Assim como no exercício de Pilates, a vida não somente nos concursos, mas em qualquer desafio pede que você ache seu eixo. Quando ele está identificado e no lugar, a pessoa encontra equilíbrio e isso muda tudo. O que define nossa capacidade de andar sobre um terreno instável não tem nada a ver com o terreno! O que define a marcha não é a natureza do terreno, mas a natureza do caminhante. Uma pessoa torta, mesmo com o chão estável, vai mancar. Uma pessoa equilibrada, porém, caminha bem no terreno fofo ou irregular. E é fato: a vida é repleta de terrenos irregulares, instáveis, pantanosos, com buracos, brita... Em suma: o que define sua capacidade de caminhar em direção aos sonhos não é o terreno, mas sua verticalidade. Se perder o eixo, você entra em caos. E com o caos, as coisas não andam, sua vida não progride, talvez você nem sequer veja esperança ou sentido. E, provavelmente, você impute tudo isso ao cenário em que se desenvolvem suas lutas. Posso dizer que o problema não é o cenário: é você! Eis uma notícia maravilhosa: quando a solução dos nossos problemas não reside na
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